domingo, 27 de outubro de 2024

Poesia, Broa e Política: Recordações de uma Época

I - Sobre Poemas em Forma de Música

Canção para Ninar Gente Grande - Luiz Vieira (12/10/28 - 16/01/20)

Quando estou nos braços teus
Sinto o mundo bocejar
Quando estais nos braços meus
Sinto a vida descansar

No calor do teu carinho
Sou menino passarinho
Com vontade de voar
Sou menino passarinho
Com vontade de voar...

II – Sobre Jânio da Silva Quadros

Conheci o senhor Jânio talvez nos anos 60, não recordo bem o ano, pois eu era muito pequena, com 5 ou 6 anos. Foi lá na Vila Santa Maria, bairro onde cresci, mais especificamente na Rua Luiza, no bar do “seu” Giacomo. Por algum motivo, o senhor Jânio estava por lá.

O bar do “seu” Giacomo era um misto de bar e padaria. Íamos ali todos os dias comprar pão e leite. Naquela época, o leite vinha em garrafa, e nós o trazíamos para casa numa leiterinha de alumínio. Os pães eram a bengala, o filão, o pão de leite (uma espécie de bisnaguinha) e a broa de milho – a melhor broa de milho do mundo! Já procurei, já fiz, e nunca mais encontrei uma broa tão gostosa. Com manteiga e chá mate nos finais de tarde, era felicidade pura!

Voltando ao senhor Jânio, meu pai e meu avô estavam lá e lembro de ter sido apresentada a ele. Ele ajeitou meus óculos, talvez imaginando uma futura eleitora, quem sabe.

Muitos anos depois, muitos mesmo, tive a oportunidade de reencontrar o senhor Jânio, desta vez na agência de publicidade onde eu trabalhava, que fazia parte da propaganda eleitoral em 1985 (lá se vão 39 anos). O Ivan, coordenador na agência, numa sessão de fotos, pedia ao Jânio:
– Sorria, senhor Presidente! (Alguns o chamavam assim.) A foto vai ficar melhor se o senhor sorrir.

Ele respondeu algo assim:
– Sorrir por quê, meu filho? Não temos motivos para sorrir.

E falou mais alguma coisa que, sinceramente, não recordo. Ele era muito sério, cumprimentava-nos com afeto, mas sem sorrisos. Era uma figura.

Mas, naquela eleição, não votei nele.

Em tempo: Tive um broche de vassourinha da campanha de 60. O jingle da campanha era algo como (letra resgatada graças à pesquisa na internet, pois não me lembrava ao certo):
“Varre, varre, varre, varre, varre, varre, vassourinha.
Varre, varre a bandalheira.
Que o povo já está cansado... de sofrer dessa maneira.”

Enfim, como dizia a deliciosa marchinha carnavalesca Recordar é Viver (Carnaval de 1955 - Aldacir Louro, Aloysio G. Marins e Adolfo J. Macedo).

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