sexta-feira, 27 de setembro de 2024

"Uma Viagem no Tempo com Paul McCartney: De One Hand Clapping à Depressão Pós-Paul"

Ontem foi o Dia do Aperitivo: Dia de Paul McCartney And Wings: One Hand Clapping: Que delícia de documentário!

Acompanhar um pouco do processo criativo de 1974, ouvir os depoimentos e as músicas que continuam tão atuais é um presente!

Sou suspeita para falar de Paul McCartney. Ele, para mim, é como aquele vinho especial com denominação de origem. Sim, sou uma fã um pouco fora da caixinha. Infelizmente, não fui ao show de 1993 aqui em São Paulo, mas, desde 2010, dou um jeito de viver essa experiência única que é um show dele. Aliás, depois de qualquer show do McCartney, a régua de exigência para outros shows sobe bastante.

Com o tempo a voz ganhou outros timbres e o seu carisma só se intensifica.

Ontem, no cinema, foi difícil me conter balbuciando as músicas e tamborilando os dedos, pois a vontade era de cantar — e cantar alto! Não, alto é pouco... muito alto! E dançar, dançar muito.

Acho estranho quem não balança a cabeça nem um tantinho. Não posso dizer que eram a maioria, mas aqueles que estavam à minha frente pareciam imóveis. Tirei uns momentos para observar: quietinhos, paradinhos, sem nenhum movimento aparente. Como conseguem?

Voltando ao documentário, foi uma viagem no tempo, desde as roupas até as lembranças daqueles que já não estão mais conosco, como a Linda. E os comentários após os takes! Pense em uma gravação em vídeo tape — parece loucura nos dias de hoje.

E ouvir as grandes estrelas, que são as músicas! Músicas que o Macca ainda toca em seus shows atuais e que, mesmo depois de tantas audições, ainda emocionam.

A orquestra em Live and Let Die, com alguns tocando, outros lendo jornais ou fazendo um lanchinho, além de alguma graça aqui e ali — achei incrível. Na minha santa ignorância, imaginei que uma gravação com uma orquestra seria quase como uma oração em um templo, algo sagrado. Interessante como, pelo menos dentro do documentário, essa ideia caiu por terra.

E, por fim, as músicas que ele tocou ao violão naquele pequeno jardim: simples, perfeitas, cativantes.

Assim, após um vídeo tape de 50 anos atrás, eu me vi ainda mais encantada por este senhor — tão jovem — Sir James Paul McCartney. Ele sempre deixa aquele gostinho de quero mais, um sentimento que alguns fãs aqui no Brasil chamam de DPP — Depressão pós-Paul, aquela sensação de vazio e saudade que bate forte depois de um show ou qualquer experiência marcante com ele.

Próxima parada: Got Back! See you there, Macca!

terça-feira, 24 de setembro de 2024

Reabrindo as portas "Entre Páginas e Pixels"

Depois de um tempo afastada, resolvi reabrir as portas deste espaço que, por algum tempo, foi meu cantinho de reflexões e escritos. O blog Viver e Ser Feliz - Just It está de volta! Aqui, vou compartilhar crônicas, reflexões e momentos do meu cotidiano. Espero que minhas palavras encontrem vocês com o mesmo carinho e entusiasmo com que foram escritas. Vamos juntos, mais uma vez, redescobrir a alegria nas pequenas coisas da vida.

"Entre Páginas e Pixels" por Elaine Brunialti

Preciso terminar os livros que comecei a ler. Todos eles estão parados na memória do meu e-reader. Não gosto de ler no Kindle; é extremamente insípido, incolor, inodoro, inaudível — só não é invisível, embora às vezes pareça.

Chamam de livro, mas para mim é apenas uma leitura eletrônica, nem sei se esse termo existe. Livro, para mim, é papel: capa dura ou mole, edição de luxo ou econômica.

Gosto de folhear as páginas, do cheiro do livro, seja ele novo, cheirando a tinta fresca, ou velho, com cheiro de guardado. Livro é tato, visão, olfato e audição. Você toca, lê, sente o cheiro e ouve o farfalhar das folhas. Pode até ser paladar, se o livro lhe trouxer, por algum motivo, água na boca.

Você coloca o marcador de páginas ou, naquela página especial, pode até dobrar uma orelha, ou quem sabe marcar a borda com um marca-texto lilás. Você pode chorar e deixar uma marca do seu sentimento na folha, colocar uma flor ou um papel de bala entre as páginas e ali esquecê-los, até que um dia, ao reler, encontre um pouco da sua história dentro da história do livro.

Sem falar na gramatura do papel; gosto de gramaturas mais pesadas, gosto de textura. Dá para sentir a diferença ao folhear uma apostila de papel sulfite 75 gramas por metro quadrado, ou um livro impresso em papel pólen, com sua cor amarelada e toque rústico, eu diria nobre.

Aquele livro que você mais gosta, que relê sempre que pode, sabendo até que, na página 58, é onde a protagonista encontra seu amor ou sua rival pela primeira vez. E, nos romances, você fecha os olhos, leva o livro junto ao peito e sente o peso das folhas como uma carícia. Quando você se aborrece com o desenrolar da história, pode fechá-lo com raiva e olhar para ele de lado. Se for de terror, pode guardá-lo debaixo de todos os outros livros, com medo de que o vilão ou o monstro escapem durante a noite.

Mas, por falta de espaço, ou para me modernizar, comprei meu leitor eletrônico, e os livros vão ficando lá, guardados sem ocupar espaço, sem pó nem ácaros, sem flores ou papéis de bombons. Sem aqueles salva-páginas de fitinha de cetim desbotado, ou o marcador-brinde da livraria com um novo lançamento, ou um feito por você — o que fiz era de acetato, pintado com mandalas de verniz vitral, e está perdido em algum livro antigo. Qualquer dia desses o encontro, ao buscar um livro para reler, para matar a saudade, não só da história que ele conta, mas de todos os estímulos que despertam os sentidos.

Enquanto isso, vou carregar meu e-reader, tadinho, desmaiou por falta de bateria, enquanto eu recomeço a ler Noites Brancas — impresso —, emanando tinta e me permitindo ler a última linha do último parágrafo, num folhear rápido, buscando desvendar o destino de Nástienka."